Fonte do Canto

Minha Mãe tinha o hábito de levar os filhos a passeios pelas mar- 
gens do Itapicuru. A caminhada era de cerca de um quilômetro até a 
Fonte do Canto, onde acampávamos. 
Ficávamos à margem do rio, à sombra das ingazeiras, onde o rio 
formava uma “bacia” com água rasa, mansa e segura. Seguia tranquilo, 
enquanto, em suas águas translúcidas, peixes e piabas faziam evoluções, 
disputando as migalhas que as crianças deixavam cair. 
Em seu curso o rio roçava seixos e lajedos, fazendo um ameno 
ruído que se infiltrava no silêncio, quebrado apenas pelo gorjeio dos 
pássaros e os risos e tagarelices das crianças. 
Eram momentos de brincadeiras das crianças com a água, com a 
areia, com os seixos e com as piabas que ficavam inquietas com os “vi- 
sitantes”. 
Minha Mãe era sempre vigilante, atenta a tudo. Lá um dia aconteceu 
o imprevisto: a menor do grupo, Neuza, avançou um pouco pelo leito 
do rio e ia sendo levada pela correnteza. Demi, irmão mais velho, per- 
cebeu o perigo, gritou e socorreu-a, segurando-a pelos longos cabelos 
loiros e cacheados. 
O susto foi grande. Desde então não me lembro de termos voltado 
à Fonte do Canto. 
(16/02/06) 


______________


Foto 13. Minha irmã Neuza. 
* 22.12.31 
† 04.03.93

Comentários

Postagens mais visitadas