Brinquedos e Brincadeiras

Geralmente criávamos e fazíamos nossos brinquedos.
O “cavalo de pau” era feito com um cabo de vassoura e um pedaço de cordão amarrado em uma das pontas à guisa de “rédea”. Com esta arrumação os “cavaleiros” sentiam-se realizados e pegavam parelhas em correrias muito concorridas nos avarandados e jardins do chalé.
“Fabricávamos” também um carro armado com cabo de vassoura e lata vazia de goiabada que fazia as vezes de roda.
Fazíamos também arraias.
O pinhão era encomendado ao marceneiro que o fazia no torno. Até com ossos de animais imaginávamos brinquedos.

Passamos alguns dias na Fazenda Farinha de meu avô Elias, onde aprendemos com o filho do vaqueiro, um novo brinquedo – ossos de animais descarnados e polidos pelos agentes da natureza, brancos como tufos de algodão, transformavam-se, em nossa imaginação infantil, em animais: bois, vacas, bezerros, cabras, carneiros, ovelhas e borregos. O tamanho e o formato dos ossos determinavam a espécie do animal.
Fazíamos currais e roçados com cavacos e gravetos e sentíamo-nos vaqueiros cuidando dos rebanhos.
Brincava-se ao relento nos pastos ou à sombra dos umbuzeiros.
Aos animais eram dados nomes como pintada, malhada, boneca e outros.
Assim, iludidos, vivíamos em um mundo encantado.
O primeiro brinquedo de fábrica que tive foi presente de minha madrinha Midu, uma miniatura de elefante sobre rodas puxando um tambor cujas baquetas eram acionadas quando posto em movimento. O elefante terminou “estripado” mostrando as entranhas de capim seco. Logo o encostei preferindo “minhas fazendas”.
Recebi de Midu outro brinquedo que me seduziu: um automóvel, cujo “combustível” era a “corda”! Fez sucesso e causou inveja. Agradou toda criançada. As brigas tornaram-se frequentes, pois não permitia que o pegassem. Dava corda no carro e saia em seu encalço, admirando-o, embevecido.

Outros brinquedos e em outras fases da infância, criação de papai, foram o trapézio e o balanço. Este consistia em duas cordas fortes presas em um caibro da cobertura do avarandado grande e, na outra ponta, um pedaço de tábua com cerca de 45 cm de comprimento por 35 cm de largura – era onde sentávamos e, com os pés, impulsionávamos o balanço que, o mais das vezes, era empurrado por outra pessoa. Às vezes, tão fortes eram os empurrões que quase tocávamos o telhado!
O outro brinquedo foi um trapézio, armado no quintal à sombra dos oitizeiros. Este se destinava a exercitar os músculos e a agilidade. Pouco foi utilizado.

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Imagem 55: Fotografia encontrada na internet - autoria desconhecida.

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