Escola


Ingressei na escola primária em março de 1936. Na época, em Queimadas, não havia curso pré-primário. As crianças eram matriculadas no primeiro ano elementar.
As instalações da escola eram precárias. Faltavam-lhes meios para comprar material escolar, fardas e sapatos.
Alguns levavam caixotes ou tamboretes para sentar-se, porque a escola não dispunha de meios para dar-lhes carteiras.
A sala de aula era uma babel. Acolhia alunos em número superior a sua capacidade, que cursavam do primeiro ao quinto ano.
A alfabetização iniciava-se com o “ABCDÁRIO”, livreto de poucas folhas, mas instrumento importante na aprendizagem.
Após conhecer as letras, distinguir vogais e saber manejá-las, formando sílabas, palavras e frases, passava-se a “Cartilha das Mães” e, após, a “Cartilha do Povo”.
Em suas folhas vinham impressas figuras com legendas e frases, às vezes pitorescas, como estas: “o rato roeu a roupa de Rute”, “o menino dormiu zangado e acordou doente”.
Pari passu, aprendia rudimentos do sistema métrico decimal, os valores dos números arábicos e romanos, assimilando as quatro operações. O livro utilizado era “Princípios de Aritmética - Tabuadas para alunos de Primeiras Letras”.
A caligrafia era treinada com a cópia escrita de trechos de livros ou através de “ditado” que consistia em escrever o que a professora recitava. Aprimorava-se, assim, o português e a caligrafia.
Quem errasse seria punido. Teria de escrever, algumas vezes, a palavra corrigida.
Os castigos mais severos eram aplicados aos alunos insubordinados, postos em pé ou ajoelhados, voltados para a parede ou exemplados com “bolos de palmatória” nas mãos.
Na escola utilizavam-se livros, tinteiros, mata-borrões, papel pautado, lápis e canetas, quadros-negros, giz, lousas de ardósia, encaixilhadas em molduras de madeira.
A escrita era feita com lápis (grafite) ou caneta – pequeno bastão, geralmente de “madeira” – tendo encastoado em uma das extremidades a “pena” de metal, que era introduzida, de quando em vez, no tinteiro, encharcando-a de tinta. Quando escarranchava era trocada.
Cada aluno tinha um tinteiro – pequena garrafa de vidro com cerca de cinco centímetros de altura por cinco de diâmetro, com o gargalo estreito – era o depósito da tinta utilizada na escrita.
As matérias curriculares eram português, aritmética, história do Brasil, geografia, geometria e gramática.
Despertava-se nos jovens o amor à Pátria e a reverência a seus símbolos. Exaltavam-se suas belezas e riquezas naturais.
Nos dias em que se comemoravam fatos históricos, as escolas desfilavam pelas principais ruas da cidade, cantando o hino nacional e empunhando a bandeira do Brasil.
Estimulava-se a aprendizagem da leitura, da interpretação e cópia de textos. No final do primeiro ano, o aluno deveria estar alfabetizado, apto a ler, executar as operações fundamentais e conhecer os principais fatos da história do Brasil.
Concluído o ano letivo, confeccionavam-se “cadernos de férias” adornados com papel de “seda” colorido, cromos, fitas e legendas grafadas com letras góticas. Neles ficavam as provas escritas com as notas atribuídas aos discípulos. 

________

Imagem 59: Foto da Escola Monsenhor Elpidio Tapiranga, no Chalet Lantyer, anos 20-30. Na foto, a professora Cecy Souza com seus alunos (acervo Família Lantyer)

Comentários

Postagens mais visitadas