Cosme e Damião

 


Cosme e Damião, irmãos gêmeos, médicos-cirurgiões, foram martirizados durante a perseguição aos cristãos movida pelo Imperador Diocleciano, morreram em 287 d.C.

A Igreja Católica canonizou-os e, em Roma, ergueu uma igreja que os têm como oragos. Nela foram sepultados seus restos mortais.

Com a migração de portugueses para o Brasil transladara-se, com suas peculiaridades, o culto aos santos meninos.

No candomblé baiano eles se identificam sincreticamente com os orixás mabaços Ibeji.

O culto aos santos gêmeos arraigou-se e fez-se tradição em nossa cultura.

Tornou-se habitual homenageá-los anualmente com orações e festejos dionisíacos no dia 27 de setembro. Tríduo de orações gratulares antecede-os.

Em suas casas os devotos armam altares enfeitados com bandeirolas de papel de seda colorido, com flores e folhas. No ápice ficam as imagens dos “santos meninos”.

Para os festejos convidam parentes e amigos. Com a casa atulhada de gente com os olhos voltados para os Santos, louva-os, com ardor religioso.

No nordeste do Brasil, especialmente no interior do estado da Bahia e na capital, a tradição é revivida a cada ano.

Cosme e Damião são homenageados com orações, foguetórios e comilanças: acarajé, vatapá, caruru, arroz, farofa, galinha cozida. Tudo feito com dendê, temperado com pimenta e regado com cachaça e jinjibirra.

É assim que os fiéis os veneram.
Cumpridos esses preceitos da festa religiosa, segue o “arrasta-pé” até altas horas da noite, alumiado com fifó e velas.

É comum pessoas de parcos recursos, com prole numerosa, morando em casebres de porta e janela, piso de terra socada, não perderem o ensejo para homenagear os Santos.

A casinha onde morava dona Venância não comportava os convidados que se derramavam pelo terreiro em frente e no quintal apinhados de gente das mais variadas classes sociais.

Dentre as crianças, sete eram escolhidas para terem assento à mesa.

Servidas as crianças que estavam à mesa, distribuíam-se pratinhos contendo farofa de dendê, vatapá, caruru, feijão verde, frango cozido e o arroz, que se destacava pela alvura, contrastando com o amarelo do dendê que dominava nas demais iguarias.

Serviam porções pequenas em pratos diminutos, como se todos fossem crianças.

Tudo isso fazia parte do ritual.

Em oferenda aos santos gêmeos, pequenas porções de cada sabor das comidas oferecidas eram postas em caxixis ao pé da imagem dos santos.

Inicialmente, cantam os hinos religiosos, em seguida servem os quitutes e as bebidas – cerveja, cachaça e jinjibirra, o champanhe do sertanejo.

Após a comilança é chegada a hora das cantilenas e danças no chão de terra batida da sala, no terreiro em frente da casa e no quintal. A casa era pequena. Dançava-se o samba de roda e o sapateado no terreiro, prolongando-se até altas horas da noite.

(12/12/2005)

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Imagem: Internet.


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